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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Marcas e feridas ...por Helyete Santos

Quando olho no quintal que me cerca, o que me cerca, vejo as mais lindas flores. Mas num subito momento elas estao caidas pelo chao e, logo apos , o vento sopra e, nem mais me lembro das cores que mostravam. O tempo e' assim: frenetico. E, `as vezes, parece que sou como ele, tao exasperada que nem me dou conta de quem sou.
E vejo as marcas das petalas daquelas flores no chao, mais uma vez marcando os espacos por onde se colocavam.
Marcas. Assim sao todos os momentos. Sao sinais que refletem exatamente a mesma curva da esquina que passei sozinha, que corri, que nao sabia pra onde ir.
Foram elas, as marcas, que eu permiti que se expusessem sobre a minha pele, que revelaram o que eu nao queria deixar que ninguem visse.
Estas marcas so exitem no meu corpo doentio pra revelar que alguma coisa dentro de mim tambem esta doente.
E esta doenca se transforma em feridas que doem e nao sao queridas pelos olhares. Sejam os meus ou os mais distantes e diferentes.
Esses sao os sinais que mais arremessamos ao espelho.
E,para deixar que seus reflexos caiam sobre nos, deixamos tambem de ve-los.E' uma forma comum, barata de fugir do infortunio.
E' bom,muito bom, passar para outros quintais. So' assim podemos transformar as marcas que nos importunam em mais um lindo momento.Ve-las e aceita-las como parte integrante de nossos desafios.
Ai comeca a vontade de querer que algo muito novo e completamente diferente faca parte de nos.
Essas marcas sao as medidas de nossas venturas, com desventuras e aprecos de vida.
O que ja marcou devera ser a paisagem com lindas borboletas, ceus azuis, novos pares de sapatos pisando um lindo palco e sentindo as luzes de um novo tempo.
Deixar os espacos para novos testemunhos sera a marca da chamada alegria. Isso se chama tambem: comecar a viver e sobreviver.


Helyete é autora do livro- "Pais e filhos- entre erros e acertos"

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